Peão «en passant»

Eu aprendi cedo, o que é ter orgulho de ser pai. O orgulho normalmente não é uma emoção singela: ele toca, cutuca lembranças, incluso dói.

Eu ensinei jogar xadrez ao Benjamín há alguns anos. Na real, apenas mostrei como jogava. Foi uma intuição que tive depois de vê-lo brincar de xadrez com outro pequeno: ele devia ter 6 anos, não sei. Comprei o tabuleiro e falei vou te ensinar jogar aquele jogo.

Foram três partidas. Na primeira apenas deixei ele brincar de ir pegando as peças sem regras, ele gargalhava de ir ganhando as peças até finalmente vencer. Na segunda, disse a ele, que ensinaria a movidas corretas das peças e que somente assim poderia mexe-las, assim fui corrigindo as tentativas erradas de mexer cada uma das peças. Na terceira partida eu não tive mais que corrigir, salvo alguma exceção, e no fim eu ganhei.

Por tempos depois, jogávamos as vezes no quintal, na praça ou onde tivesse xadrez disponível. Em ocasiões evitei fazer uma jogada melhor, ou dar aquela investida fatal, porém nunca, nunca, o deixei, propositalmente, ganhar de mim. Chegou uma hora que era insuportável para ele sempre perder, e de tanta dor, ele chorava. Em várias ocasiões, tivemos que parar de jogar pois era impossível que da raiva, pudéssemos continuar a jogar.

Assim, entre as correrias e obviamente, outros interesses, o xadrez ficou de lado por uns tempos, e não voltamos jogar.Até alguns meses atrás, conversávamos com Vital, o filho de uma amiga, que entre conversas comentou novamente do jogo, e sugeriu uma plataforma online de xadrez. Pronto!

De lá para cá, cada vez que coincidimos numa ligação a gente joga um par de jogos, e simplesmente eu não consigo mais ganhar dele. Tudo bem que eu não sou grande jogador, e nem tenho a concentração que precisa para tal, mas a cada partida que perco, meu sorriso se estica e um choro leve me abraça.

Última partida antes de escrever este texto: Brancas ganham

Dia desses ele chega e diz, «ah pai, é bom jogar com você que ai eu aumento minha classificação», eu gargalhando, quase bati nele.Na imagens, a última partida de hoje, que eu ganhei. Ele, na praça Elis Regina, na primeira partida que ele me ganhou.

A mala e a dor

Para Nina, a pior das minhas memórias

Não, nunca haverá palavras para poder te contar esta história. Este é um capítulo que nasce do silêncio, que nasce oco, vazio, sem eco.

Uma emoção desconhecida até então, que é uma espécie de olvido forçado. Uma batida no centro do peito que deixa sem ar.

Não sei bem falar disto, na real tudo que escreva aqui é a única saída que tenho para plasmar estas lágrimas.

Uns anos atrás quando recém havia chegado a este Brasil, vivia uma emoção parecida, mesmo que nem sequer chega perto deste aperto. Eu havia chegado aqui sem saber o que esperar, mas cada alegria que vivia me doía como ferro entrando na pele. Uma dor punçante que atacava a respiração e sem mais me fazia chorar de saudades da minha mãe, meu pai ou minha irmã.

Agora eu, mais uma vez, fazia as malas para outro lugar longe de tudo. Fechando o que não cabia em caixas, dobrando o que precisava em bagagens. Meus olhos pingavam incessantes voluptuosas tristezas, dores ainda futuras mas que se desenhavam desde já. em espasmos de dor.

Aquilo de fazer as malas, eu fazia naturalmente, mesmo com os olhos ardendo, e quase sem enxergar. Eu não sabia para onde ia, ou para que ia, mas sabia que devia me afastar de ali, incluso de você.

Essa ardência nos olhos ainda continua, incluso hoje um mês depois dessa data. Às vezes penso em você e toda a dor contida, explode num pranto sem fim e ai eu preciso fechar novamente as malas, bater forte no peito, e esquecer de súbito seu sorriso.

Nenhuma palavra destas tem algum sentido, ou tentam explicar algo. É apenas dor pulando dos meus olhos, roupas escorregando das malas, ou você fugindo do meu peito.

Uma dor.

Sem palavras.

Beagatizei, primeiras impressões

I

Beagá es más gentil a primeira vista. Pessoal cumprimenta, mexe com você e com as crianças (normal). A latinha na mão é atuendo tão comum como o guardachuva em SP. Na praça, andando, com o carrinho de bebé, as pessoas, obviamente e maioritariamente, os homens, ostentam sua gelada. Mas este post é sobre esse picolé de queijo que não experimentei , troquei por uma puro malte da região. Então fica pra próxima.

II

De Minas todo mundo fala bem. Isso tem a ver com as pessoas, porque aqui bem ou mal geral te manda uma olhada. Procuram um sorriso o uma palavra. Hoje por exemplo descobri uma padaria que as pessoas esperam o pão sair do forno, por isso fazem uma fila na calçada. Não houvesse #sindemia consigo imaginar o alboroto. Mineirx quase sempre te presentea uma frase, algum jergão do instante. Pessoal gosta de uma prosa (segura peão) Mas este post rs é sobre esa sacada, com ferros e mármores que me levaram direto à La Habana.

III

Cá as pessoas quase sempre são prestativas. Eu diria que quase num ponto que você fica devendo. Foi assim com cara do carreto, o José ficou esperando por duas horas chegar a chave, lanchou comigo e o Benja, pão, queijo e presunto com a coca como se fosse qualquer broder da antiga. O pessoal quer ajudar, e ajuda. Apenas oferece, e dão. Foi assim com montão de doaçôes. É certo que o sotaque e a máscara atrapalha e as pessoas normalmente pedem para repetir tudo de novo. Na hora que digo que sou de Cuba, sabemos: uns puxa o papo da ilha maravilhosa e outros falam que não vamos permitir «isso» aqui. Aquela, direita e esquerda, que vai lugar nenhum. No mais, este post é sobre essa janela. Nunca antes havia morado numa casa com vitrais.

Uma criança precisa mais braços

Uma criança precisa mais braços. Apenas dois são para ser carregada, suspendida entre o chão e o colapso. Sostenida entre dedos e amassos. Uma criança precisa mais braços, para não cair… e sorrir, e fazer esses barulhinhos que para alguns parecem ser fofos. Uma mãe precisa mais braços. Apenas dois não são suficientes para o banho e pentear o cabelo. O cabelo é longo e se emaranha muito fácil. Uma mão segura a criança de não explodir contra o chão e com a outra segura seus dias e noites, que de fins, só tem outro começo… infindável, cruel e neurótico.Um pai precisa outros braços, pois estes dois não lhe bastam. Uma mão segura a guirnalda entre pães e peixes, ou entre vinhos e adeuses. Uma lágrima escorrega desde os olhos cansados e seca ao pé dos seus sonhos, destinados ao outro mar e outras noites.Uma criança deseja mais braços. Não basta o pranto de sono ou de fome, destilados em colos e mimos. Não quer apenas um peito de leite latente desta mãe que lhe brinda um futuro. Quer pôr os pés nesta lama silvestre, e solene caminhar entre nós, que o observam.Uma mãe deseja mais braços. O respeito de vós que lhe julgam, menos forte, mais insípida, resistente. Ela quer sua vida de volta, meio morna, natural, destemida. Ela quer pôr os pés no futuro sem o medo de não viver mais ventanias.Um pai deseja mais braços. Oito tentáculos humanos abraçando o impossível. Os filhos ao pé de sua voz, ouvindo o bom de errar nesta vida.Uma criança anseia outros mares. Sete céus brilhando nas noites. Um sorriso depois deste choro.Uma mãe anseia ser livre, para além do amor deste filho. Outra mão esticando o fios do cabelo.Um pai anseia ter paz. Que o amor é uma luta entre a madrugada e uma poesia.

#barbapapá#paidedoiscomdoisbraços#entreduaslínguas

(4 de marzo de 2020)

año cero pandémico

Curiosamente, la computadora borró la seña.

Raramente, yo también la olvidé y resultó que todo este año que tanto tiempo nos regaló, no solté ninguna imagen del mundo y mi amor en este ventana abierta, en esa hoja en blanco.

Un ángel distinto, me llamó, y súbitamente todo volvió a funcionar. No me arriesgo a decir las palabras, porque el silencio también ha sido un refugio de sentimientos, pero la luz insiste en atravesar la inocuidad, o al contrario desiste en iluminarnos la verdad.

Por ahora, apenas sonrío a esta bella manera de «decirme las cosas»

Crônica curta sobre o Corinthians

a primeira vez que ouvi falar de Corinthians foi em 2000. em Cuba falavam apenas de futebol europeio. mas era o primeiro mundial de clubes, então a noticia do campeão passou na tv.

sete anos depois no Brasil, deram-me uma camisa do Corinthians. no haviam passado duas horas desde que havia desembarcado em SP.

na mudança de país, Corinthians foi o primeiro degrau no processo de inserção social e identidade. muitas alegrias e vibradas emoções nos estádios, nos bares, com os amigos ou com Benjamín. Já foram doze anos desde então.

Ser pai

 

Ser pai é, além de um grande amor, uma função social. Não basta o afeto que se tenha pelos filhos, nem a família que te apóie. Ter um filho acomplexa todas as relações e cada um dos instantes. É um fato que muda o percurso da vida perenemente.

Eu sou pai há quase dez anos. Entre istos e aquilos me converti no pai que nem eu esperava. Com todos os defeitos e faltas. Com as ausências e carências, fui me virando até me tornar o pai que sou.

Nunca foi fácil. Contando com que meu pai – o homem mais próximo que tenho – não vivia por perto e que a maioria dos outros homens perto de mim, não tinham filhos; a paternidade foi construída no breu, tateando em silêncio, entre o meu ser e o ser que estava me tornando.

A separação da mãe do meu primeiro filho veio rápido. Foi inviável sustentar as nossas diferenças e escolhas, e desviar das condutas que um homem e uma mulher vão arriscando depois de um parto e um filho. Depois desse desenlace as dores se fundem numa morte infeliz. Um oco incapaz de driblar.

A paternidade tornou-se o estandarte do ego, um refúgio afastado do mundo e do sofrer. Mas é impossível fugir do momento, no qual essa pessoinha que tanto te afeta, não está a cada instante perto de si.

Era a escola prematura, com suas regras de tempo voraz e os compromissos de sorriso veloz. O espelho brilhante de outras famílias, com outras bastas felicidades. A distância obrigatória da minha família, sempre ausente – por motivos do além – e a solidão de um pai num mundo distinto, com amigos flutuantes, sem endereço fixo, nem emprego, me fizeram instaurar uma poderosa defesa do pai que queria ser.

Meu tempo era em função de ti, hijo. Ora era para gerar o que precisávamos – nem sempre deu certo, nem nunca foi suficiente, – ora era para estar com você, plenos, nós juntos. Quase nunca fiz nada sozinho, sem ti. Tardei-me entender novamente um ente singular, com desejos e medos, não fossem os teus ou nossos.

Depois, com as primaveras, teve quem não poupou presença para te cuidar, num abraço esticado desde o amor por nos. Imensas mulheres deixaram a marca nestes anos, de cuidados e afetos, para acompanhar o carinho que tinham por nos. E foi assim que dilapidei a paternidade apenas masculina, num equilíbrio energético, acompanhados do amor maternal, convertidos então num amor familiar.

Teria sido terrível, não fossem esses amares, este pai que eu sou. Cheio de mágoas e regras, exigente e sem paciência, fui ungido no intuitivo jeito materno de ser, do qual por vias da vida eu me havia privado. Isso eu agradeço infinitamente a cada um, dos amores, que foram – e ainda são.

Daí que a vida me presenteia uma filha – mesmo que ela ainda não pisou aqui, ela já sorri para nos (Nina América, já chegou) . O pai que eu sou se desdobra e se desconhece. O que será que virará, este senhor que pensa e reflete, sobre ser pai? Qual será a canção de ninar? Qual o sorriso cansado depois destas noites que virão? Como será o amor, vestido de amigos e festas, que abraçará está novo homem refeito em pai? Errarei novamente, creditando somente em mim? Será um perfeito equilíbrio, o paterno se equilibrando ao materno?

Novas reflexões porém já me abordam, disfarçadas de outros deuses. As pessoas por perto, eu diria amigos – incrivelmente maioria mulheres – se espantam com esse fato que se aproxima. Quase sempre se esboça um perigo no sorriso, como de que a vida já era curta em demasia e agora, se encurta muito mais. A verdade é que para as pessoas que ainda não tem filhos, tê-los é um perigo à autonomia, um risco contra a solidão e um aumento excessivo dos compromissos. E na verdade, não erram, porém é o fato iminente que um ser que virá encarnar nesta vida é apenas o desafio de se tornar mais humano, e obviamente menos egoísta.

A questão sempre beira o conflito de como compartir tantos novos afazeres e exigências sociais diante do caos social que vivemos. Ser íntegro e parceiro. Ser e fazer acontecer. Agora somos mais. E mais é sempre melhor.

Este é um desses versos sem fim. Uma daquelas poesias que não tem fins. Em breve, voltaremos a pensar e repensar sobre, o que em fim, tem sido o existir para mim. Esta vida gigante, de vocês, meus filhos, de nós.

uma crônica literaria (de mim)

Eu nunca fui um bom leitor. Sempre me pareceu mais atrativa a rua, com o perigo dos carros passando entre nós, as crianças, na hora da bola e com a noite fechando mais um dia de vida pueril. Na minha casa não havia nenhuma tendência acadêmica, nem muitos livros. Isso sim, foi crescido numa família que se juntava para contar as façanhas de épocas anteriores de festanças dos meus pais e tios, além de tantas outras anedotas de outras épocas anteriores.

Anos depois, nas minhas primeiras andanças escriturais em círculos literários percebi o quanto eu era diferente com meus colegas, pois quase todos haviam devorado romances e poesias com muita mais vontade e dedicação que eu.

Jaad, quem foi meu primeiro mentor e mestre, deu-me uma bronca, e me mandou ler sem parar o quanto eu encontrasse nos meus estantes. Aliás a chamada sucedia depois que ele lera um par de contos meus, assegurando que era impossível que eu não houvesse lido, até então, nenhum romance.

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Éramos tão xõvens, em Centro de Formación Literaria Onelio Jorge Cardoso, La Habana, Cuba

Eu não mentia, Jaad. De fato nunca antes havia me atrevido a ler mais do que alguns poucos contos de Poe e alguns outros Tchéjov, acho. assim fui eu, arriscando com minhas próprias palavras descrever aquelas sensações que pela pele e olhos me invadiam sobre o mundo que eu me inventava.

Mas eu sentia uma inveja, calejada em silêncios, quando em conversas plurais entre amigos escritores, eu não conseguia aportar meus matizes sobre obras altamente qualificadas e obviamente sagradas para o mundo literário. Assentia ou sorria, mas jamais falava. Preferia ir-me a outro canto, espernear alcoóis e músicas coloridas entre aqueles que mais que se gabar de cultos, brincávamos de boêmios empedernidos.

A loucura funcionava, e uma hora, os que ostentavam conhecimento e vocabulário, partiam para suas casas enquanto os bêbados continuávamos inventando mundos poéticos sem verbos nem sentenças.

Mais os livros foram me pegando de surpresa. Romances volumosos e opulentos me abraçavam sem me deixar dormir. e entre festas e viagens alguns exemplares me ensinaram outra forma de escrever. Assim, num desejo voraz de ter, fui juntando livros que gostaria de ler, outros que seria importante ler, mas nunca leria e outros que mesmo que não me interessassem ficariam para mim.

No meio dos meus vinte e tantos, uma amiga italiana, neurologista, muito sabia, agarrou minha cabeça e disse: eu entendo sua hiperatividade. Eu não havia perguntado nada. Era uma voz aquosa com sotaque europeu trazendo à tona a discrição exata de como o formato da minha testa influenciava na minha pouca concentração para tarefas como a leitura. é por isso, ela disse. Assim foi que entendi como era mais simples para eu ler numa viagem de ônibus ou simples, não ler.

Com o tempo, fui dando minha interpretação aos fatos e conciliando melhor, comigo, o meu devir de escritor. Eu não queria saber como os outros escreviam, de fato não me interessava. Gostava apenas do meu mundo de palavras e experiências, solitárias e egóicas.

(reviravolta)

Tempos depois, já morando no Brasil, tendo abandonado o circuito de escritores promissores da minha geração em Cuba, aprendido uma nova língua – este português autodidata -, com um par de livros publicados, e outras menciones em coletâneas, e sem ainda poder me firmar a produzir na minha nova língua, deu-me por brincar contigo, Benja, de fazer livros.

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Brincando de vender livros no Brincando!

Era uma tarde cinzenta lá no litoral norte de São Paulo. Um calor voraz atacava frestas e janelas e pernilongos dançavam no ritmo do ventilador de teto, quando eu disse a você vamos “fazer” um libro.  Foram cinco folhas sulfite, brancas, dobradas ao meio e grampeadas. Eu te pedi um título, você deu. Depois pedi para desenhar a capa, você desenhou. Na sequência, fomos escrevendo a história – você ditava e eu escrevia – logo você acompanhava com uma ilustração, assim até terminar o livro. Foram vários que fizemos. Muitos!

Hoje em dia, hijo, essa rareza de viver. Você quando pede algo, é para comprar um gibi, e devora estes com uma dedicação incrível. Ando pela casa, e encontro eles abertos, esperando por você. Quando decides me dar um presente com sua mãe, é quase sempre um livro.

As vezes é assim… Eu não podia ler, não queria. Mas você está ai, para me tornar outro eu. Este aqui.

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Vendendo livros numa feira na Praça Elis Regina, São Paulo, Brasil

 

de outras, d´outras e outras.

O Sol girou mais uma vez ao redor do meu ventre. Queimamos assim, mais um horizonte na janela do tempo, e eu, mais inerte a luz avermelhada da sua morte, consenti ser amante da noite, e bastardo do rei Astro.

Havia presenciado a verdade diante de mim. Uma insólita solidão das palavras de frente aos olhos do mundo: o humano é invenção do fracasso.

Eu sou um humano. Havia fracassado em toda peregrinação: o que eu amava era o devir de ser gente. Teimando em compreender que a luz é do tamanho da sombra. Que olhar a vida era suficiente para percebe-la. Que somos a sós, sempre sozinhos, nessa caminhada sem rumo.

O sol deitou seu corpo sobre minhas costas. Minhas mãos floresciam no tato das coisas: a grama molhada, a terra rajada, a água do mar, a pele esticada à beira dos anos, a morte dos outros sem adeuses.

Havia sido um ano infinito, nesse limiar entre ser e existir. Fundo no passar de cada um destes dias. Um ano longo, quase vazio no oco à esperança. As assas de cada escolha, sutilmente nascidas de outras escolhas, e d´outras e outras.

Um olhar de frente a outros olhos, na imensa solidão de outro existir.

Um silêncio. Outra morte.

O sol cabisbaixo, sob lágrimas de sobreviver.

Ano zero: apanhado de memorias sutis

1

Quien seca la ropa colgada es el tiempo: medio sol de luz de mañana, una llovizna súbita repentina, dos nubes que cobijan al Astro Rey al mediodía, un granizo casi eterno, está lluvia perenne de tu ausencia: no trinan los pájaros, ni me vuelan maripositas en el pecho. Quien seca la ropa es el tiempo! Cuántos meses tarda esta añoranza?

2

quando pienso, y siento, que el olvido es la única manera de saberte feliz, me dan una ganas inmensas de llorar. saber que hubo algo que era nuestro en otro tiempo, saber y sentir, desanubiar el líquido y el verso. que no hay razón para lo que no es. el grano germina. la flor marchita. la noche amanece. y el tiempo acaba. saber que no puedo hacer nada con aquello que no es mío, lo que no me pertenece, y ni escoger el día del adiós tardío. saber me
resigna del perdón. sentir me permite esta razón.

0

 tudo que vivi esqueci… (você) me ajude viver este instante que ainda vivo… haverá tempo para (te) esquecer num futuro que também não lembro!