eu vi a sombra elástica de uma árvore presa ao chão deste mundo, eu plantava meus olhos no fim daqueles galhos bem altos de céu, pendurei-me às memorias de todas minhas árvores, sombras e galhos do que uma vez havia sido, mas por outras razões, esquecido, eu era aquele no pulo, eu arremesado pelas minhas raízes, era o fruto podre na boca de um pássaro que por comer não trinava, eu o tronco rasgado no vento, vindo livre em queda sobre o teto de um futuro imperfeito, porém florido de verdes folhas, eu era a casa do meu gnomo, pequeno andarilho de manhãs e formigueiros, eu me escalava, atónito da altura da minha envergadura, antes fosse a morte, um novo galho que sobrevivira e com a aguda esperança de receber um novo fruto!
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Da observação sob a quietude de uma árvore
Das árvores sempre me disseram, permanecem imóveis pelo resto da existência, sem ter aonde ir. Doía-me uma tristeza enorme aquela imobilidade perene.
Uma árvore, qualquer que seja, fica sempre para trás. É um ponto na lembrança de algum lugar que visitei. De algum abraço que ganhei. De um horizonte partido em mil verdes, um silêncio rasgado com folhas e brisa.
A gente faz escolhas que definem nosso caminho, marcando somente uma caminhada.
Uma árvore possui impressa, todas as escolhas do seu próprio ser. Ela projeta o infinito do seu caminho nas suas ramagens e raízes. Cada uma delas leva até um possível final. Cada caminho traçado – olhando para eles deitado sob a sombra – leva a um lugar: divididos e multiplicados em várias possibilidades do seu existir.
A árvore se completa na sua basta imensidão – e na sua estática – tanto encima como embaixo, e não repete nunca, nenhum movimento ou possibilidade.
A árvore é o equilíbrio de o seu próprio existir. Todos os caminhos de um só.
A árvore não precisa se mexer para ser.
Ela é.